segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Como funciona o bumerangue?

Se você pensa que esse milenar projétil de origem australiana é uma brincadeira primitiva, está muito enganado. Criado há pelo menos 10 000 anos, o wu-mera – “pau da vida” ou “alavanca”, como foi batizado pelos aborígenes turuwal – é um prato cheio para qualquer curso de engenharia avançada, um festival de fenômenos físicos tão complexo que explicar seu percurso de ida e volta é um osso duro de roer até para especialistas experientes... que dirá simples mortais como nós! “Arremessado corretamente, o bumerangue é submetido a um conjunto de forças aerodinâmicas que faz com que, a cada momento, ele se desvie ligeiramente para o lado, resultando em sua característica trajetória circular”, diz Nide Geraldo Couto, engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). “Antes de mais nada, ele é capaz de voar porque possui o formato de um par de asas (veja o Quadro 1 do info). Isso cria uma força direcionada para cima: é a chamada força de sustentação, que mantém o objeto voando.” Como o bumerangue é arremessado na vertical, essa força acaba agindo na horizontal, direcionando-o para o centro do círculo a ser traçado no ar – ou seja, atua também como uma força centrípeta . “É a mesma força que ajuda um carro a fazer uma curva”, afirma Couto. O casamento dessas forças chama-se efeito giroscópico: ao girar do bumerangue, elas se distribuem de forma diferenciada em cada ponta (3 e 4). Essa diferença é que faz o objeto estar continuamente mudando de direção (5), até fazer a volta completa. Tudo isso foi desenvolvido a partir de um primeiro modelo de bumerangue não-retornável, usado como arma para guerra e caça. O sucesso nestas funções tornou-o um utensílio de uso diário pelos nativos: ora friccionado para fazer fogo, ora no papel de faca, martelo ou pá, ou mesmo como instrumento de percussão e até brinquedo. Hoje o bumerangue se espalhou pelo mundo e se tornou um esporte popular, com campeonato mundial de diversas modalidades: maior distância, tempo máximo no ar e melhor malabarismo, entre outras.

 

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